sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Como tudo começou

Água e Sal
Quick Silver 460
O meu primeiro barco foi a motor, pelo que sobre o mesmo não tenho muito a comentar a não ser para dizer que não repito a experiência.

Água e Sal ( Vela )
Blue Djim – B2 Marine
Segundo barco, foi adquirido em Lisboa a um senhor que o usava principalmente para a pesca.
Após tratar de todo processo de compra, foi levado para umas instalações industriais, onde foi possível fazer um trabalho profundo de remodelação e manutenção, para as quais contei com a precisosa e sempre disponível ajuda do primo Sérgio, a quem estendo um abraço de obrigado.
Assim, em relação às obras - vivas, foi todo lixado ao gel coat e aplicado protecção anti-osmose e, consequente pintura de fundo, com produtos da
Hempel.
Nas obras mortas, foi todo polido e colocado novo letering com a capitania e o novo conjunto de identificação.
Em relação ao interior, como praticamente possuía a fibra à vista em todos os locais do barco, foi feito em contraplacado marítimo uns pequenos armários na zona do “salão” e forrado a restante zona com carpete apropriada ( com propriedades de retardante de fogo ).
Foi ainda instalado uma pequena cozinha sobre as escadas de acesso ao interior que era retráctil, ou seja, quando não utilizada recolhia sobre o poço do barco. A cozinha possuía um fogão com um bico, e uma pequena pia de água.
Foram colocados dois depósitos de água doce e consequente sistema de bombagem pressurizada.
O velame foi todo limpo e revisto numa velaria, alguns cabos foram substituídos e foi aplicado uma nova bússola da Plastimo e uma central de vento da NavMan.
As madeiras exteriores e interiores foram envernizadas, foi colocado um estrado no chão, que estava com a fibra à vista, e toda a palamenta foi revista e actualizada.
O barco possuía um motor Thoatson de 15 Cv a dois tempos.
Esta, foi a minha primeira experiência de manutenção de um barco, com toda a ajuda que pode ter de amigos, lá conseguimos fazer um bom trabalho, quando coloquei o barco na água, em Alhandra foi rapidamente vendido em 3 meses.

Vai de Vela
DC 740 – Delmar Conde
Este foi um barco muito especial.
Estando muito ligado a Alhandra em relação a estes assuntos dos barcos, onde existem quatro exemplares idênticos, o N.V.Volare, o Old Navy, o Evaluna e o Matisse, senti-me muito confiante quando comprei o "Vai de Vela".
Havia muita informação sobre o barco, o João Rodrigues, à data presidente do Clube local, Alhandra Sport Club, sabe tudo sobre os DC740, sendo inclusivamente o armador do N.V.Volare.
Foi adquirido em Aveiro, estava na marina do Clube de Vela da Costa Nova, o João é que o descobriu por lá. Estava parado, à três ou quatro anos, pelo que é imaginável o estado do fundo.
Arranjei maneira de o transportar com um tir, de estrado aberto, para Alhandra. Quando aí chegou deu para encher uma saca de 50 Kg de mexilhões, isto sem contar com as que os miúdos de Aveiro retiraram quando saíu da agua, dizem que cheirou a marisco em Vila Franca Xira !
O "Vai de Vela", foi à semelhança do "Água e Sal" ( à vela ) posto a seco e tudo o que podia ser tirado do barco foi retirado.
Em relação às obras - vivas, foi lixado ao gel coat, betumado e aplicado um primário Hempel ( High Protect ). Vim a saber mais tarde que tal não era necessário.
De seguida, foi-lhe aplicado CooperCoat, cinco de mão, este antifouling tem a função de anti osmose e goza de uma duração de dez anos, garantida pelo fabricante. Segui às riscas as instruções do fabricante, entrei em contacto com eles, ora por email ora telefonicamente, e finalizei a “obra” com a garantia de ter realizado um bom trabalho.
Não sei se existem muitos barcos com este tipo de protecção em Portugal, mas posso garantir que nos dois anos seguintes era “atar e por ao fumeiro” , que é como quem diz, retirar da água, limpar com jacto de água e voltar a colocar na a água.
Em relação às obras – mortas, foi todo lixado com uma massa de polir da 3M, que recomendo vivamente, e o resultado foi fantástico, o barco parecia novo .
O motor, um Yamaha de 15 CV a 4 Tempos, foi revisto pelo meu amigo Luis Batista e voltou para o seu local, o "Vai de Vela" tinha a particularidade de possuir um motor fora de bordo, colocado sobre o poço, numa “loca” apropriada. Quem não soubesse pensaria que se tratava de um motor inboard. Coloquei uma saída da água de refrigeração do motor para o exterior, assim podia, em navegação, averiguar se a água estava a circular convenientemente.
As madeiras foram todas lixadas e apliquei, imagine-se, sete camadas de verniz, seguindo também à risca as indicações dos experts na matéria. O resultado foi fantástico.
As janelas foram calaftadas com SikaFlex e os diversos acessórios, incluindo os apoios dos brandais, foram removidos para aplicação de SikaFlex. Notava a entrada de alguma água por esses locais e assim resolvi o problema de vez.
Foi colocada afinação na calha da escota da Genoa, assim como redireccionei os dois rizos para o poço, diziam a determinada altura que o barco mais parecia um queijo suíço, tantos os furos que fazia.
Substitui a grande maioria das adriças e escotas, fiz um pau de spy que, fundamentalmente, servia para apoiar a genoa, quando fazia a vela grande a bombordo e a genoa a estibordo, ou vice-versa.
Em relação ao interior, os estofos foram todos forrados, exigência da Selma, que desde o primeiro dia se ocupou pela "decoração do interior"esem que pudesse haver discussão possível.
Apliquei um tanque de água doce da Lalizas, o que existia servia-se do fundo do Barco e dos reforço da antepara interior para vedar a água, coisa que não me agradava.
Coloquei 220V no Wc, no salão e junto à cozinha, com um quadro devidamente dimensionado e protegido.
Adquiri uma bateria da Vetus, pois as existententes, uma apresentava-se muito sulfatada e em mau estado e a outra, inevitavelmente, e em pouco tempo seguiria o mesmo caminho
Reforcei os chumbos, peripécia que o meu pai colaborou, pois, fizemos uns moldes e derretemos, não sei exactamente, alguns quilos de chumbo para o efeito.
O "Vai de Vela" todos os anos fazia o Inverno em Alhandra e o Verão em Lisboa, na Doca do Espanhol. Aì navegava fundamentalmente para o Seixal / Barreiro / Ilha do Rato e, de quando em vez, lá saia a barra e ia a Oeiras ou Cascais.
Fomos, por diversas vezes com outros barcos a Valada. A minha tripulação dava a preciosa ajuda que as fotografias retratam.

Foi vendido quando pensei em outro tipo de navegações. Encontrando-se em Leixões.
Sem dúvida deixou muitas saudades e levou com ele inúmeras horas de preparação e trabalho.

Beagle
Dufour 30 Classic
Um bom barco para a classe, um paço curto para as minhas aspirações.
Depois de procurar um barco para substituir o DC740, e seguindo a indicação do Luis Neto, descobri os Dufour e em particular o 30 Classic.
O "Beagle" foi adquirido, ao agora meu amigo Paulo Silva de Setúbal, o barco é um exemplar construído em 2002, julgo ser dos últimos a ser construído.
Encontrava-se em bom estado geral. Quando o adquiri possuía um vale de 1000 € que deveria ser utilizado para a colocação de água quente a bordo. Tal não aconteceu porque solicitei que, em vez desse equipamento, fosse feito uma manutenção profunda às obras vivas. Assim foi lixado ao gel coat e aplicado todo o tratamento anti osmose necessário e a respectiva pintura antifoulig, fiquei com “garantia” quanto ao estado do fundo, algo sempre preocupante quando se compra um barco em segunda mão.
Na ocasião, aproveitei alguma massa de polir da 3M que ainda possuía, para lhe dar a polidela da praxe.
Desta vez, de uma forma mais atabalhoada devo dizer, pois o barco esteve relativamente pouco tempo a seco, cerca de uma semana e, eu por motivos profissionais não consegui tirar férias nessa altura. Contudo, mas lá se fez a obra, mais uma ves, como nas restantes, com a ajuda do primo Sérgio.
Aproveitei a ocasião do barco estar à porta da Técniates para fazer uma revisão profunda ao motor, foi substituído tudo o que havia para substituir e, posso dizer que gastei uns bons euros nessa operação. Mas, em contrapartida, fiquei com a garantia de ter o motor em condições, eu que queria mar e, navego maioritariamente com a família, miúdos incluídos.
Fiquei com o barco em Lisboa um par de meses e depois de uns passeios mais oceânicos, ida a Sesimbra, cabo razo, etc, lá rumei a casa - a Alhandra.
Hoje, sei que estas viagens tinham de ser mais planeada. O "Beagle" cala 1.70 mtr, e a passar a famosa bóia 1, na cala das barcas, por vezes apanhávamos uns valentes sustos, mesmo com o João como skipper.
Na primeira vez que subimos riu acima, com o Sérgio ao leme apanhamos tremendo susto. A determinada altura, estávamos completamente fora do canal e, demos connosco com 0.5 mtr de água. Começamos logo a pensar se a sonda não estava afinada correctamente, por sorte não batemos em nada, nem encalhamos e chegamos são e salvos a Alhandra, com mais uma grande experiência para aprender e partilhar.
Serviu de lição, pois a partir daí, levo o GPS sempre ao lado e com os way points bem marcados, facultads, claro, pelo Cmd. João Rodrigues.
O "Beagle" deve ter sido no ano de 2008 / 2009 o barco à vela que mais viagens fez entre Lisboa e Alhandra, conto por alto umas 10 viagens.
Em Alhandra participou em algumas regatas, organizadas pelo Alhandra Sport Club.
Os melhoramento que realizei, centraram-se fundamentalmente na manutenção do velame, e no rigging. Em relação ao rigging, coloquei afinação no carrinho da escota da geneoa, coloquei os cabos do spy, alanta, gaio e escota.
Coloquei afinação no carrinho da escota da Grande, no poço, conforme é possível verificar na fotografia. Tarefa nada fácil, pois, tive de abrir o contra molde interior com o coração aos saltos não fosse estar a fazer um disparate qualquer. Coloquei um stoper da spinlock para a adriça do spy e outro para o cabo do enrolador da genoa. Montei seis moitões de pé de mastro novos e fiz em inox dois deckorganizer para os cabos entretanto instalados, por fim mandei repara a capuchana, nada mau para começar !
Montei, ainda linhas de vida para a miudagem andar segura.
Fiz diversas peças em inox para as montagens que acima indico e devo dizer que cada uma deu um gozo especial. No mercado, não há ninguém, que trabalhe especificamente nesta área. Querendo fazer alguma coisa tem de ser pensada e idealizada correctamente. A "obra prma" queima uns neurónios para acontecer.
As diversas madeira exterioress, em Teca, foram lixadas e pintadas com um verniz apropriado, julgo que, por esta altura já devem estar a necessitar que a operação se repita.
Em relação ao interior, coloquei 220 V no salão, no WC, no quarto de proa e na loca exterior de estibordo, naturalmente que devidamente dimensionado e protegido por disjuntor diferencial.
As baterias foram retiradas e revistas na fábrica com meios apropriados, ganhando assim mais uns anitos de vida útil.
Coloquei uma pequena TV ( Plasma ) no salão para que os miúdos pudessem ver os seus filmes predilectos.
Convêm criar condições para que as crianças tenham alguma distracção a bordo. Contudo, a Selma já ensinou o mais pequeno, de seis anos de idade, a jogar xadrez, é obra!
Não havia muito mais a fazer no Beagle. Assim, entreti-me a forrar as prateleiras com um material esponjoso, coloquei dois suportes em contraplacado marítimo, na loca exterior, para cabos e outros acessórios, e para um conjunto de luzes de navegação suplentes. Limpei tudo o que havia para limpar e a Selma deu um toque pessoal ao interior.
O Beagle está registado em classe 4, possuíndo no seu equipamento uma chartplotter, um NavTex, o exigido rádio com DSC, para além de toda a palamenta para a classe.
Por aquilo que pesquisei, conheci e conversei com diversas pessoas, é um excelente barco de 30 pés, muito bem equipado e em bom estado.
Está neste momento na Doca do Espanhol, ao serviço de uma família muito simpática de seis pessoas, com quem espero muito em breve poder fazer uns programas.
Deixa saudades, em especial às crianças da casa e á Selma, também deixou aos miúdos do Paulo. Contudo o mar chama e a paixão que me levou até aqui, há-de me levar a locais onde só consigo chegar com outro barco.

2 comentários:

  1. Gostei de ler mais um pouco da Historia do Beagle, um barco que fez tambem parte da historia da minha familia. Ainda bem que o meu amigo Rui o estimou bem e tratou convenientemente. Escrevo estas linhas embarcado no Twitter. Isto da vela é uma coisa fantástica, entranha-se e fica a fazer parte de nós. Paulo Silva

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  2. Acho que sou a actual proprietária do antigo Blagle, actual Blanco. Reconheço as particularidades:-)

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